quarta-feira, 30 de junho de 2010

Corpos Básicos de Cristo

Paulo escreve (Fp 2.5): "Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha". Ele escreveu isso da cela de uma prisão. Preocupado com o bem-estar dos crentes de Filipos, ele diz que está enviando Timóteo para ver como estão.

Então ele diz (2.20): "Pois Timóteo é o único que se preocupa com vocês como eu me preocupo e é o único que, de fato, se interessa pelo bem-estar de vocês". E acrescenta (v.21): "Pois todos os outros se preocupam com os seus próprios interesses e não com os de Jesus Cristo".
Creio que hesitamos em dar à célula o nome de "Corpo Básico de Cristo" porque estamos agora na terceira geração, receosos de fazer novos ajustes em estruturas que se tornaram confortáveis. Mas nós não temos a "mente de Cristo".

Não estamos experimentando o testemunho da conclusão mostrada em 1Co 14.24,25, na qual a observação de um grupo faz com que a presença e o propósito Dele sejam expostos de tal maneira que incrédulos visitantes exclamem prostrados: "Deus está entre vocês!"

Quando decidimos chamar a célula por seu nome bíblico, "Corpo de Cristo" ("Agora vocês são o corpo de Cristo!"), temos de começar a funcionar em um nível sobrenatural.
Para a igreja atual, isso não é "normal". Então nós funcionamos em células que não são "normais", que não têm "a mente de Cristo" e não dão atenção ao seu papel, que é serem canais para que Ele revele Sua presença. Oikonomos e Oikodomeo ainda são palavras teóricas para as células.

Vamos encarar o fato: relutamos em renomear "Grupos Vida" e chamá-los de "Corpos de Cristo" porque não sabemos como funcionar no novo termo sem nos sentirmos embaraçados. Ter a "mente de Cristo" significa que Ele está no controle da vida e atividade do corpo. E se nós encalhamos e tememos fazer a mudança para o próximo patamar, estamos na verdade evitando ter "a mente de Cristo". Grupos de Comunhão distam um reino inteiro de Grupos de Seguidores.

Oikós Latino se reúne na Expolit

Nos dias 13 a 18 de maio, aconteceu em Miami (EUA) a 10ª Expolit, uma feira internacional voltada ao público cristão com seminários, workshops, exposições de editoras de materiais diversos e concertos em geral.

Neste ano, Pr. Roberto Lay, Dr. Ralph Neighbour, Bill Beckham, Mario Vega e Joel Comiskey foram convidados para dar palestras e também debater a respeito do crescimento mundial de igrejas em células.

Segundo Pr. Roberto, que falou sobre a transição de igreja convencional à igreja celular, cerca de 10 mil pessoas participaram diariamente da Expolit. "Esta foi a primeira vez que se tratou do tema células na Expolit", completou Pr. Roberto.
Ainda segundo Lay, aconteciam paralelamente 30 seminários, e suas apresentações tinham uma média de 50 pessoas presentes todos os dias.

"As igrejas estão vendo que células não são mais um programa, mas um sistema que contempla cuidado, pastoreio, discipulado e evangelismo", disse ele, e acrescentou: "As igrejas precisam voltar ao movimento de resgate do ser humano".
Para Lay, existem dois tipos de igrejas, uma denominada "MONUMENTO" e a chamada "MOVIMENTO", ou seja, na Monumento, usam-se os recursos para a manutenção e preservação da igreja. Nesse caso, a igreja tem uma característica "estática" e sempre voltada ao passado.

Já na igreja "Movimento", Pr. Roberto explica que sua característica é a dinâmica, isto é, usa seus recursos para a expansão da Igreja de Cristo. Segundo ele, é para esse conceito que as igrejas precisam retornar.

Voltando à Expolit, Pr. Roberto lembrou que foi debatido com o grupo Oikós Latino (que é formado por líderes ligados à visão celular, como Dr. Ralph, Bill Beckham, Mario Veja, Joel Comiskey e ele próprio), onde se decidiu lançar na próxima edição da feira uma Bíblia com comentários e notas chamando a atenção e ressaltando os valores da vida em comunidade, ou seja, a vida em células. "Se não a lançarmos no ano que vem, pelo menos devemos levar a ideia já mais amadurecida à Expolit 2011", completou.

Roberto Lay destaca que o Oikós Latino tem como propósito ajudar pastores e igrejas da América Latina que tiverem interesse em fazer a transição para o modelo celular. Mais informações podem ser obtidas no site www.oikoslatino.org .
Após a Expolit, o Pr. Roberto foi ministrar em uma igreja Batista em Dallas, no Texas. Essa igreja é pastoreada por Bob Roberts, que convidou o pastor Roberto para falar sobre a transição e instruir a liderança local. "Eles ficaram convencidos da importância de fazer a transição dos "Pequenos Grupos" para "Células", ressaltou Roberto.

Roberto Lay esclarece que os chamados "Pequenos Grupos" possuem objetivos diversos, enquanto que nas células enfoca-se o viver na presença e poder do Espírito com um propósito especifico.

Por fim, Pr. Roberto destacou de forma descontraída a ação de Deus nessa sua visita à igreja em Dallas. Isso porque, ele foi convidado a sair do Brasil e ir até os Estados Unidos para falar sobre a transição de igreja convencional para celular. O detalhe disso tudo é que essa igreja está a menos de 300 quilômetros de onde tudo começou, ou seja, de Houston, onde vive Dr. Ralph Neighbour. "Nosso Jesus é cômico", concluiu.

extraído do site: http://www.celulas.com.br/

segunda-feira, 19 de abril de 2010

CRISTÃOS SÃO EXPULSOS DE COMUNIDADE POR NÃO PARTICIPAR DE RITUAIS

MÉXICO – No mês passado, líderes “católicos tradicionalistas” expulsaram 57 cristãos evangélicos de cidades em dois estados por se recusarem a participar de seus festivais religiosos.

Líderes do catolicismo tradicionalista, uma mistura de catolicismo romano e rituais nativos, expulsaram 32 cristãos em uma vila no estado de Hidalgo e outros 25 de uma cidade em Oaxaca. Nos dois casos, os evangélicos foram retirados de suas propriedades por se recusarem a participar de festivais de embriaguez e adoração a ícones católicos.

Centenas de cristãos evangélicos de seis estados do México organizaram uma caravana no dia 10 de agosto em favor dos 32 evangélicos de Los Parajes, que foram violentamente retirados de suas casas quando católicos tradicionalistas os agrediram com facas e cordas. Eles foram forçados a deixar para trás 121 acres de terra, com plantações, gado e propriedades.

Os 32 cristãos do estado de Hidalgo, norte da Cidade do México, dizem que perderam colheitas inteiras de milho e gergelim, e estão perdendo a estação para plantar jicama.

Ônibus e carros preparados para a caravana se encontraram ao meio-dia na cidade de Tantoyuca, prosseguindo juntos até Huejutla, onde deixaram os veículos e continuaram a pé até a praça central, carregando a bandeira mexicana, uma bandeira cristã e cartazes com mensagens de amor e apoio. O pastor Carlos Del Angel, de Cerro Azul, organizou o protesto, com os manifestantes levando roupa e comida para as vítimas.

Um dos líderes expulsos, Enrique García, disse ao jornal Milenio Hidalgo que as autoridades locais e estaduais deveriam respeitar os direitos daqueles que foram expulsos.

“Parece impossível para mim que, uma vez provado que nós, evangélicos, cumprimos com nossas obrigações com a cidade, mesmo assim, devemos ser expulsos”, afirma García. “Eu creio que cerca de 70% da população de Los Parajes está aberta para nosso retorno.”

Em fevereiro, os cristãos haviam chegado a um acordo com a comunidade, que permitia que eles escolhessem seguir a religião que preferissem, mas quando Enedino Luna Cruz assumiu a liderança da cidade, queimou o documento.

No início, o grupo que foi expulso, incluindo seis crianças e muitos outros adultos, se refugiou em dois cômodos na escola Benito Juarez, em Huejutla, dormindo no chão e sobrevivendo sem água ou aliemento.

O jornal Milenio Hidalgo noticiou que, em 28 de julho, os moradores da cidade de Los Parajes ofereceram uma permissão para que os cristãos retornassem, contanto que negassem a fé e pagassem o equivalente a US$ 13.900 em multas por se recusarem a contribuir com os festivais tradicionais católicos.

“Somos tratados como deliquentes só por sermos cristãos”, afirmou Roberto Hernandez, um líder evangélico.

Os homens foram proibidos de deixar a escola para conseguir dinheiro ou alimento.

No dia 4 de agosto, os refugiados foram retirados da escola e enviados para uma pequena casa de três quartos, um banheiro e nenhuma mobília. Devido à falta de espaço, os homens não conseguiram deitar para dormir. Há informações de que, em 10 de agosto, os homens foram levados para uma casa maior, com cinco quartos de dois banheiros.

Fonte: ADIBERJ

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O Livramento de Deus na Minha Vida no Acidente em Bacabal

Quero informar a todos que estou bem e agradecer a todos que oraram e continuam orando por mim em razão do acidente que tive neste final de semana 10/04 em bacabal no meu carro. Vou aproveitar o momento para falar um pouco sobre o meu sofrimento e o que eu pude aprender a respeito. Leia com atenção:

QUERO COMEÇAR FALANDO SOBRE O QUE É FELICIDADE?

Existe uma vasta diferença entre o prazer e a alegria cristã. O prazer depende das circunstâncias, mas a alegria cristã independe totalmente de saúde, dinheiro ou condições externas. Quando as circunstâncias lhe são contrárias, quando todo o conforto moderno é retirado, ainda assim você pode experimentar o milagre da alegria produzida pelo espírito Santo que vive no interior.

ENTENDA UM POUCO SOBRE O SOFRIMENTO:

(Jó 2.7,8) “Então, saiu Satanás da presença do SENHOR e feriu a Jó de uma chaga maligna, desde a planta do pé até ao alto da cabeça. E Jó, tomando um pedaço de telha para raspar com ele as feridas, assentou-se no meio da cinza.” A fidelidade a Deus não é garantia de que o crente não passará por aflições, dores e sofrimentos nesta vida (ver At 28.16 nota). Na realidade, Jesus ensinou que tais coisas poderão acontecer ao crente (Jo 16.1-4,33; ver 2Tm 3.12 nota).

Se o meu sofrimento é de natureza física, No sofrimento, lembro-me da predição de Cristo, de que eu teria aflições na minha vida como crente (Jo 16.33). Aguardo com alegria aquele ditoso tempo quando “Deus limpará de meus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor” (Ap 21.4).

A Bíblia contém numerosos exemplos de santos que passaram por grandes sofrimentos, por diversas razões e.g., José, Davi, Jó, Jeremias e Paulo.

Confio que Deus me dará a graça para suportar a aflição até chegar o livramento (1Co 10.13; 2Co 12.7-10). Convém lembrar de que sempre “somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm 8.37; Jo 16.33). A fé cristã não consiste na remoção de fraquezas e sofrimento, mas na manifestação do poder divino através da fraqueza humana (ver 2Co 4.7 nota). (5) Li a Palavra de Deus, principalmente os salmos de conforto em tempos de lutas (Sl 11; 16; 23; 27; 40; 46; 61; 91; 121; 125; 138).

Ele (DEUS) nos auxilia em todas as nossas aflições para podermos ajudar os que têm as mesmas aflições que nós temos. (2 Co 1. 4a).

quarta-feira, 31 de março de 2010

MISSÕES - CASAL CRISTÃO É TORTURADO POR NÃO ABANDONAR SUA FÉ

PAQUISTÃO - Arshed Masih, 38, ainda luta por sua vida no hospital Família Sagrada em Rawalpindi, próxima à capital do Paquistão. Com a ajuda da polícia, extremistas muçulmanos o queimaram vivo por não se converter ao islamismo, e abusaram sexualmente de sua esposa. O incidente ocorreu em frente a uma delegacia de polícia.

Em 2005, Masih e sua esposa começaram a trabalhar com um empresário muçulmano, ele como motorista, ela como empregada de sua esposa. Recentemente, os dois desagradaram o empregador por insistirem em permanecer cristãos.

Durante o incidente, Martha, a esposa de Masih, “foi violentada pelos agentes da polícia”, fontes afirmam. Os três filhos do casal, de 7 a 12 anos, foram forçados a assistir seus pais sendo brutalizados.

“Agora, Masih e sua esposa estão sendo tratados no hospital. Ele está em péssimas condições, pois 80% do seu corpo está queimado”. Os funcionários do hospital declaram que, com esse tipo de queimaduras, a vítima provavelmente não sobreviverá.

No domingo, o governo de Punjab anunciou uma investigação sobre o que aconteceu. “A questão será investigada e os culpados serão presos”, afirma o Ministro da Lei em Punjab, Rana Sanaullah.

O casal cristão morava com os filhos na região liderada pelo sheikh Mohammad Sultan, em Rawalpindi. Em janeiro, os líderes religiosos e o sheikh ordenaram que Arshed e sua família se convertessem ao islamismo. Quando ele recusou, o ameaçaram, dizendo que ele sofreria “graves conseqüências”.

Arshed tentou pedir demissão, mas o empresário disse que o mataria se ele fosse embora.

Fonte: Portas Abertas

Missões - Polícia aceita falsas acusações e prende três cristãos

Três cristãos indianos foram presos sob acusações falsas de ''forçar conversões'' em Hunsur, uma cidade do distrito de Mysore, estado de Karnataka, no dia 25 de março de 2010.


De acordo com o Global Council of Indian Christians (GCIC), um parente de um cristão chamado Thammaiah ficou doente e faleceu na terça-feira, dia 23 de março.


Familiares enfurecidos chegaram até o local onde o funeral estava sendo realizado, e agrediram os cristãos que estavam presentes na cerimônia. Durante a briga, um dos agressores escorregou e feriu a cabeça.


Quando viram que seu companheiro estava ferido, o grupo foi até a delegacia mais próxima e registrou uma queixa contra os cristãos, alegando que eles tentavam converter pessoas ''à força''. A polícia aceitou e prendeu três cristãos ligados ao caso, que agora são mantidos na prisão de Virajpet.


Fonte: ANS

sexta-feira, 19 de março de 2010

Não Perca! Vem Aí !!!!!!!!






ASSALTANTES RENDEM FAMÍLIA DISFARÇADOS DE PASTORES


Depois do inusitado disfarce de mendigo de dois assaltantes, no último mês de janeiro, no roubo das armas e de um colete de três policiais do programa Ronda do Quarteirão, na Barra do Ceará, os criminosos mostraram ontem que a criatividade nas ações pode não ter limites. Dois homens, aparentemente acima de qualquer suspeita, renderam uma família de classe média, no bairro Itaoca, no momento que se preparavam para pregar a “Bíblia“.

Ao invés de salvação, rendição. No lugar da paz, armas apontadas para a cabeça e ameaças de morte, de acordo com o Boletim de Ocorrência (B.O.) registrado no 25º Distrito Policial, no bairro Montese.

Conforme a Polícia, os falsos pastores adentraram na residência duplex, na rua Dom Carloto Távora, vestidos com paletós e com bíblias nas mãos, por volta das 7 horas de ontem. A dupla chegou em uma moto e disse para os integrantes da família – evangélica – que faria uma pregação.

Ao serem convidados a entrar na residência, o assalto foi anunciado antes das primeiras palavras do Livro Sagrado. Segundo o relato da família na delegacia, os assaltantes trancaram as vítimas em um banheiro e passaram a revirar tudo que encontraram pela frente. De acordo ainda com a família, eles fugiram com jóias e dinheiro. Até o início da noite, ninguém havia sido preso ou identificado.
Fonte: Uol

A humanidade de Jesus – Revista secular Isto É faz 14 perguntas sobre Jesus e a Bíblia

Quais são os mistérios que ecoam na trajetória do homem que mudou a história da humanidade. Na busca pela humanidade de Jesus, e pelo debate de mistérios que intrigam grande parte da humanidade há séculos, a revista ISTOÉ fez 14 perguntas sobre a vida de Cristo a especialistas, autores consagrados e lideranças religiosas.

A descoberta dos restos da casa de uma família que viveu no tempo e na região de Jesus de Nazaré animou arqueólogos e entusiastas bíblicos no último dia 21. Ainda que ela não tenha vínculos diretos com o Messias, essa descoberta joga luz sobre um Jesus que vai além da figura mítica que morreu na cruz, como contam os evangelhos do Novo Testamento. Ela alimenta quem vive para especular o lado humano do Filho de Deus, que a Igreja nunca deixou se sobrepor ao divino. Mas o interesse por detalhes históricos de alguém como Cristo é compreensível. Afinal, foi esse judeu da Galileia quem plantou a semente da religião mais influente do mundo. E, para quem lê os evangelhos como relatos biográficos, um erro de princípio, segundo os especialistas, as lacunas parecem implorar por especulações. O Novo Testamento não traz, por exemplo, nenhum registro sobre a vida e as andanças de Cristo entre os 15 e 30 anos de idade. “Porque esses anos não são importantes”, explica Pedro Vasconcelos Lima, teólogo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Para a igreja, tudo de relevante sobre a missão de Cristo na terra está na “Bíblia”. Mas é o suficiente? A clareira histórica aberta por esses 15 anos perdidos é uma das brechas mais exploradas por estudiosos, uns mais honestos que outros, para especular sobre a vida e Jesus. Mas ela não é a única. Outras foram encontradas nas entrelinhas dos 27 livros, 260 capítulos e 7.957 versículos do Novo Testamento. Mais algumas foram pesquisadas, com base em descobrimentos arqueológicos que variam de objetos do tempo de Jesus a textos de grupos religiosos do cristianismo primitivo, no longínquo século I d.C. E, por mais que a Igreja prefira não tratar de alguns detalhes das faces divina e humana de Cristo, os mais de um bilhão de fiéis não param de fazer perguntas.

“É na humanidade de Jesus que melhor podemos compreender a dimensão de sua divindade”, reconhece Frei Betto, religioso dominicano autor do recém-lançado “Um Homem Chamado Jesus”. Na busca pela humanidade de Jesus, e pelo debate de mistérios que intrigam grande parte da humanidade há séculos, ISTOÉ fez 14 perguntas sobre a vida de Cristo a especialistas, autores consagrados e lideranças religiosas. Em que época foram escritos os Evangelhos e quem os escreveu? Jesus teve irmãos? Maria foi virgem durante toda sua vida? Jesus estudou? Qual profissão seguiu? Como era fisicamente? Esteve na Índia? Deixou alguma coisa escrita? Teve um relacionamento amoroso com Maria Madalena? Teve filhos? Por mais simples ou absurdas que algumas dessas questões possam parecer, elas merecem uma discussão. “Algumas realmente atormentam a vida dos fiéis”, reconhece o padre mariólogo Vicente André de Oliveira, membro da Academia Marial de Tietê, no interior de São Paulo. As respostas apontam caminhos, mas não têm a aspiração de ser definitivas. O estudo científico da vida do Messias ajuda na construção do que se convencionou chamar de Jesus histórico. Em esforço que surgiu no final do século XVIII e ganhou ritmo com importantes e raras descobertas arqueológicas no século XX (leia quadro na página 76), um Jesus que vai além dos relatos bíblicos começou a ganhar forma.

Ele surgiu do debate acadêmico do que podia e não podia ser considerado fonte para o entendimento da vida que o Nazareno levou na Terra. E, como a fé cristã, evolui e ganha novos contornos diariamente. Para o fiel bem resolvido, não há disputa entre o Jesus histórico e o bíblico, ou divino. “Cristo trouxe uma mensagem poderosa de amor e perdão que é inatingível”, afirma Fernando Altemeyer, professor de teologia e ciências da religião da PUC-SP. Para quem crê, é esse o legado do homem de Nazaré. Mas toda informação que contribuir para montar o quebra-cabeça dessa que é a mais repetida e famosa história da humanidade será bem-vinda.

Jesus nasceu em Belém ou Nazaré?

Embora os evangelhos de Mateus e Lucas afirmem que Jesus tenha nascido em Belém, é muito provável que isso tenha ocorrido em Nazaré. “Todos os grandes especialistas bíblicos são unânimes em admitir que Jesus nasceu em Nazaré”, afirma Frei Betto, religioso dominicano autor do recém-lançado “Um Homem Chamado Jesus”. Ao que tudo indica, Lucas e Mateus teriam escolhido Belém como cidade natal de Jesus para que suas versões da vida de Cristo se alinhassem a uma profecia do Antigo Testamento, segundo a qual o Messias nasceria na Cidade do Rei Judeu, ou seja, a Cidade de Davi, que é Belém. Quanto à afirmação de que Jesus teria nascido em uma manjedoura rodeado de animais, Sylvia Browne, americana autora do best seller “A Vida Mística de Jesus”, é taxativa: “Tanto José quanto Maria provinham de famílias judias nobres e prósperas, de sorte que Jesus nasceu em uma estalagem e não em um estábulo, rodeado de animais”, diz. “José, de família real, não podia ser pobre – era um artesão especializado.” A afirmação de Sylvia é contestada por Fernando Altemeyer, professor de teologia e ciências da religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). “Afirmar que a ascendência nobre de José garantiria o bem-estar da família não faz sentido”, argumenta. Ele lembra que Davi é do ano 1000 a.C. e em um milênio sua fortuna certamente teria se dispersado. “Fora que a ascendência entre os judeus vem de mãe, não de pai”, explica. Para o teólogo, são muitas as fontes independentes que tratam da pobreza da família de José e é quase certo que Jesus tenha nascido em um curral e morado em um gruta com o pai e a mãe, que não eram miseráveis, mas tinham pouca terra e viviam como boa parte dos judeus pobres das áreas rurais.

Quando Jesus nasceu?

Uma coisa é certa: ele não nasceu no dia 25 de dezembro. E a razão é simples. Esta data coincide com o solstício de inverno do Hemisfério Norte, quando uma série de festas pagãs, muito anteriores ao nascimento de Cristo, já aconteciam em homenagem a divindades ligadas ao Sol e a outros astros. Ao que tudo indica, o dia foi adotado pelos católicos primitivos na esperança de cristianizar uma festa pagã. Faz sentido. Jesus também significa “Sol da Justiça”, o que faz dele um belo candidato a substituto de uma efeméride como o solstício de inverno. Se Jesus não nasceu em 25 de dezembro, a Igreja Católica também não sabe qual o dia nem o ano exatos. Os registros abrem um leque relativamente grande de possibilidades. É certo, porém, que o nascimento aconteceu antes da morte do rei Herodes, em 4 a.C., já que foi ele quem pediu o recenseamento que teria obrigado a viagem de Maria e José a Belém. Quanto ao mês e o dia, só há especulações. Para o padre mariólogo Vicente André de Oliveira, da Academia Marial de Tietê, no interior de São Paulo, Jesus teria nascido entre os meses de setembro e janeiro, quando, segundo ele, eram tradicionalmente feitos os censos em Belém. Já as pesquisas do astrônomo australiano Dave Reneke mostram que a estrela que teria guiado os Reis Magos apareceu em junho – crença compartilhada por parte da comunidade católica. Wagner Figueiredo, colunista do site Mistérios Antigos e autor de “Trilogia dos Guardiões – O Êxodo”, por sua vez, coloca as fichas no oitavo mês do ano, que, segundo ele, seria o período oficial de recenseamento dos romanos.

Quem e quantos foram os Reis Magos?

Se realmente existiram, os Reis Magos não eram reis e provavelmente não seguiram estrela nenhuma. O único registro dessas figuras nos evangelhos canônicos, ou oficiais, está em Mateus, que fala dos magos do Oriente e de uma estrela seguida por eles. Mas a menção não diz quantos eram os visitantes nem se eram, de fato, reis. “Como esses magos trouxeram três presentes, supõe-se que eram três reis”, explica o cônego Celso Pedro da Silva, professor de teologia e reitor do Centro Universitário Assunção (Unifai), em São Paulo. A versão atual da história se formou junto com o forjar de diversas tradições católicas durante o primeiro milênio da Era Cristã. Convencionou-se chamar os visitantes de Melchior, rei da Pérsia, Gaspar, rei da Índia, e Baltazar, rei da Arábia. Também ficou estabelecido que eles teriam trazido incenso, ouro e mirra como presentes ao recém-nascido. Para Wagner Figueiredo, colunista do site Mistérios Antigos e autor de “Trilogia dos Guardiões – O Êxodo”, os três seriam, ainda, astrólogos ou astrônomos, já que usaram uma estrela para guiá-los até Belém. “Mas não sabemos se a estrela de Belém era mesmo uma estrela”, diz Figueiredo.

“Ela pode ter sido um cometa, uma supernova ou o alinhamento celeste de planetas”, explica. Em consulta ao histórico astronômico de então, Figueiredo descartou a possibilidade de a estrela ser um cometa. Segundo ele, o único fenômeno astronômico desse tipo visível da Terra em anos próximos ao nascimento de Jesus foi a passagem do cometa Halley. Mas o Halley riscou o céu em 12 a.C., no mínimo cinco anos antes do nascimento de Jesus, o que o elimina como candidato a estrela de Belém. Um registro do que hoje chamamos de supernova por astrônomos chineses na constelação de Capricórnio no ano 5 aC. é o candidato mais forte. “A supernova, que é a explosão de uma estrela, cria um forte ponto luminoso no céu”, especula Figueiredo. Ele lembra, ainda, da impressão de movimento que esses fenômenos deixam, o que as alinha com a descrição que se tem da estrela de Belém. A terceira e última possibilidade de explicação astrológica trata do alinhamento de planetas entre os anos 7 a.C. e 6 a.C. Na primeira tese, Júpiter e Saturno se alinharam criando um ponto luminoso que caminhou pelo espaço entre maio e dezembro daquele ano. Já na segunda, Júpiter, Saturno e Marte se aproximaram na constelação de Peixes, formando um único e poderoso ponto luminoso no céu.

Jesus teve irmãos? Maria se manteve virgem?

Muito da discussão em torno dessa pergunta se deve à ambiguidade do termo grego adelphos, que para alguns significa irmão, enquanto para outros significa companheiro, amigo. Nos evangelhos de Mateus e Marcos e na carta de Paulo aos Gálatas, a palavra surge e, para quem é partidário da primeira interpretação, confirma a existência de irmãos e irmãs de Jesus. Segundo Rodrigo Pereira da Silva, professor de teologia do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-EC), se os irmãos existiram, eles seriam seis – quatro homens e duas mulheres –, identificados no Evangelho de Marcos. Silva lembra também que no evangelho apócrifo de José fala-se que o pai de Jesus era viúvo quando se casou com Maria e que teria filhos do primeiro casamento. O teólogo ressalva, porém, que duas situações narradas pelos evangelhos canônicos, tidos como fonte mais confiável, depõem contra essa interpretação. “Esses supostos irmãos dão ordens a Jesus”, argumenta. “Isso jamais aconteceria se eles fossem, de fato, irmãos, porque Jesus foi o primogênito. E o mais velho, na Galileia de então, tinha autoridade sobre a família”, diz.

Soma-se a isso o fato de Jesus ter confiado sua mãe ao apóstolo João no momento da crucificação, segundo está descrito no Evangelho de João, e não a um de seus supostos irmãos. Sabe-se também, a partir dos textos bíblicos, que, além de Maria, mãe de Jesus, nenhum parente direto do Messias estava ao pé da cruz quando ele foi morto. O rechaço da igreja à possibilidade da existência de irmãos de Jesus se explica. Se a teoria fosse verdadeira, iria contra um dos dogmas marianos segundo o qual a mãe de Jesus teria dado à luz virgem e assim permanecido até a assunção de seu corpo aos céus. Por isso o apego ao problema de tradução da palavra adelphos e aos sinais que estão na “Bíblia” da ausência de irmãos (segundo interpretação oficial). Para o padre mariólogo Ademir Bernardelli, da Academia Marial de Aparecida, no interior de São Paulo, a existência ou não de irmãos é mais simbólica do que prática. “A virgindade de Maria é uma tradição que foi criada com o tempo”, diz Bernardelli. “A pergunta pela virgindade no parto ou depois do parto nunca foi um assunto discutido entre a hierarquia católica primitiva, só surgiu depois”, afirma.

Especulação ou não, a tese de que Jesus teria irmãos ganhou força com um precioso achado arqueológico em 2002. Chamado de ossuário de Tiago, o artefato é uma urna de pedra-sabão com as inscrições “Tiago, filho de José, irmão de Jesus”. Embora a Igreja conteste as inscrições, feitas em aramaico, o objeto atraiu a atenção tanto de sensacionalistas quanto de estudiosos. A urna é, sem dúvida, legítima e data do tempo de Cristo. Já a autenticidade das inscrições, mais especificamente a parte que diz “irmão de Jesus”, ainda está sendo avaliada pela comunidade arqueológica internacional. Se comprovada, esse seria o primeiro e único objeto vinculado diretamente a Jesus já descoberto.

Jesus estudou? Qual profissão seguiu?

Para Wagner Figueiredo, colunista do site Mistérios Antigos e autor de “Trilogia dos Guardiões – O Êxodo”, Jesus teve formação intelectual mais rica do que se supõe a partir dos evangelhos. “Era comum, na Antiguidade, que os mais ricos custeassem os estudos dos prodígios apresentados ao conselho do templo”, diz. Cristo era uma dessas crianças brilhantes e certamente não passou despercebido no templo, onde chegou a protagonizar uma cena curiosa, aos 12 anos, quando colocou os sábios para ouvi-lo. Mas mesmo que tenha tido uma formação, Jesus continuou como um homem de hábitos e mentalidade rurais. “Podemos chamá-lo de um caipira antenado, que tinha sensibilidade suficiente tanto para dialogar com o povo quanto com a elite intelectual de sua época”, resume Paulo Augusto Nogueira, professor de teologia da Universidade Metodista de São Paulo, em São Bernardo do Campo.

Segundo o americano H. Wayne House, autor do livro “O Jesus que Nunca Existiu”, o Messias provavelmente sabia ler em hebraico e aramaico e escrever em pelo menos um desses idiomas. Suspeita-se, também, que falava um pouco de grego, a língua comercial da época.

Quanto à profissão que seguiu, há controvérsias. E as dúvidas surgem por causa de uma palavra ambígua, usada nos registros mais antigos dos evangelhos. Neles, José é apresentado como “tekton”, uma espécie de artesão que faria as vezes de um mestre de obras. Ele teria, portanto, as habilidades de um carpinteiro, mas não apenas. Jesus e José seriam uma espécie de faz-tudo. Faziam a fundação de uma casa, erguiam paredes como pedreiros e construíam portas como carpinteiros. É sabido também que tinham ovelhas e uma pequena plantação. Portanto, teriam algumas noções de pastoreio e agricultura.

Como era Jesus fisicamente?

A imagem de Cristo que se consagrou foi a de um tipo bem europeu: alto, branco, de olhos azuis, cabelos longos ondulados e barba. Mas são grandes as chances de que essa representação esteja errada. “É praticamente certo que ele não foi um homem alto, a julgar pelos objetos, como camas e portas, deixados por seus contemporâneos”, revela a socióloga e biblista Ana Flora Anderson. O fato é que não há registros fieis da aparência do filho de Maria. Essa ausência de documentos se explica. Para os especialistas, até o ano 30 d.C. pouquíssimas pessoas sabiam quem era Jesus. “Mas ele é Deus encarnado. Então teve um corpo, uma aparência física”, afirma padre Benedito Ferraro, professor de teologia na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC), no interior de São Paulo. E se por um lado a existência carnal de Jesus impôs limites físicos a um Deus todo-poderoso, ela deu asas à imaginação e à especulação dos fieis já no século II e III d.C. sobre a aparência desse Deus em carne e osso.

A julgar pelos registros históricos que contam um pouco da vida na região em que Jesus nasceu e foi criado, o Messias deve ter sido um homem baixo, de pele morena e cabelos escuros e encaracolados (à esq., uma reconstituição feita pelo médico especialista em reconstrução facial inglês Richard Neave, da Universidade de Manchester). Por ser um trabalhador braçal, tinha uma estrutura física bem desenvolvida. “Como palestino, deveria ter as características daquele povo”, lembra frei Betto, dominicano autor do recém-lançado “Um Homem Chamado Jesus”. Esse é o máximo a que chega a especulação baseada em estudos. “Não saberemos nem precisamos saber da real aparência de Jesus – ela não importa”, afirma o cônego Celso Pedro da Silva, professor de teologia e reitor do Centro Universitário Assunção (Unifai).

Jesus foi à Índia?

Teria Cristo pregado às margens do rio Ganges? Quem garante de pés juntos que ele esteve na Índia, cita duas possibilidades cronológicas. A primeira, durante os chamados anos perdidos, dos 12 ou 14 anos de idade aos 28 ou 30 anos. A segunda, depois da ressurreição. Ambas as afirmações são extremamente controversas e têm tanto apaixonados defensores quanto vigorosos detratores. O teológo americano H. Wayne House, do Dallas Theological Seminary no Texas, Estados Unidos, não acredita na visita de Jesus à Índia, mas reconhece que são muitas as fontes que narram uma suposta passagem do Messias, não só pela Índia, mas também pela região das Cordilheiras do Himalaia. Um texto hindu do século I d.C. menciona a suposta visita de Cristo ao rei Shalivahan, empossado mandatário da cidade de Paithan, no Estado de Maharashtra, em 78 d.C.

Sylvia Browne, americana autora do best seller “A Vida Mística de Jesus”, é fervorosa defensora da visita de Jesus à Índia. “Há dezenas de textos de eruditos orientais que confirmam a estada de Jesus na Índia e em regiões vizinhas na época”, conta ela em seu livro. Segundo Sylvia, Jesus recebeu diferentes nomes nas culturas pelas quais circulou, entre eles “Issa”, “Isa”, “Yuz Asaf”, “Budasaf”, “Yuz Asaph”, “San Issa” e “Yesu”.

Para a maioria dos cristãos, essas afirmações são absurdas. “Esses nomes são muito comuns na Índia, não permitem concluir que se referem ao Jesus que reconhecemos como Cristo”, sentencia Rodrigo Pereira da Silva, professor de teologia do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-EC). Silva explica que uma série de documentos reunidos em livro do alemão Holger Kersten chamado “Jesus Viveu na Índia”, de 1986, incendiaram uma discussão vazia sobre o assunto. “Isso é uma picaretagem”, afirma o teólogo Pedro Vasconcelos Lima, presidente da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica (Abib). Para ele, explorar esse tipo de ideia é caminhar no limite ético da especulação. “Era uma época de efervescência religiosa”, lembra o teólogo Fernando Altemeyer, colega de Lima na PUC-SP. “Um sem-número de sujeitos com o nome Issa ou Yesu pode ter aparecido na Índia e se anunciado profeta ou liderança de Israel”, lembra. Há também o argumento das dificuldades e custos de uma viagem como essa no século I d.C. Jesus, muito provavelmente, não teria como arcar com as despesas de uma empreitada desse tipo.

Jesus foi tentado pelo demônio no deserto?

Que Jesus foi tentado no deserto, não há dúvida. O episódio é relatado por três evangelistas, Mateus, Marcos e Lucas, e citado pelo quarto, João. O que se questiona é a natureza do demônio que se apresenta a ele. Seria ele o demônio feito homem ou apenas uma síntese simbólica das tentações às quais todos os seres humanos estão sujeitos? Para o padre Vicente André de Oliveira, mariólogo da Academia Marial de Tietê, no interior de São Paulo, a tentação do demônio é simbólica. “O deserto e o demônio são maneiras de ilustrar o encontro de Jesus com suas limitações como homem”, diz Oliveira. Simbólico ou não, o encontro aconteceu. E para o teólogo Pedro Vasconcelos Lima, presidente da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica (Abib), segundo os textos oficiais, o demônio se materializa diante de Jesus. Nesse sentido, ele tinha uma aparência física, apesar de ela não estar descrita. Pelos relatos de Mateus e Lucas, sabe-se apenas da conversa entre o Filho de Deus e Satanás. “Eram tentações que tinham como objetivo tirar Jesus de seu caminho”, lembra o mariólogo. A saber: a tentação do poder, da vaidade e do exibicionismo.

Jesus já gozava de fama quando foi levado pelo Espírito Santo para passar 40 dias e 40 noites no deserto. Se quisesse um cargo público na burocracia romana, por exemplo, era praticamente certo que o conseguiria e, com ele, viriam fartos benefícios. Mas isso seria se entregar às tentações. Ele resistiu e saiu recompensado, na visão dos cristãos.

Jesus era um judeu taumaturgo?

Judeus taumaturgos eram figuras muito comuns no tempo de Jesus: homens que circulavam pela Galileia fazendo milagres como uma espécie de mágico. Mas, para a maioria dos especialistas, não há possibilidade de Cristo ter sido um deles, apesar de suas andanças e milagres. A afirmação vem de muitas fontes. “Jesus pedia segredo dos milagres que fazia, não cobrava por eles e evitou fazer curas diante de quem tinha meios de recompensá-lo”, explica Rodrigo Pereira da Silva, professor de teologia do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-EC). Segundo ele, os taumaturgos jamais agiriam dessa maneira. “Eles eram profissionais da cura. Jesus, não.” Outra diferença importante entre Jesus e os taumaturgos era que o Messias apresentava Deus de maneira acessível aos fiéis. Diferentemente dos taumaturgos, que valorizavam uma espécie de canal exclusivo que teriam com o divino para operar seus milagres, Jesus tentava ensinar as pessoas a cultivar o contato com Deus. E, assim, receber suas graças sem intermediários.

Mas a fama de Jesus como um judeu taumaturgo existiu e, em alguns lugares, ainda existe. Quem afirma é Giordano Cimadon, coordenador da Associação Gnóstica de Curitiba e membro de um dos braços brasileiros do gnosticismo, grupo religioso que condiciona a salvação ao conhecimento. Ele conta que, no início da Idade Média, provavelmente no século VII, alguns escritos chamados “Toledoth Yeshu”, que significa algo como o “Livro da Vida de Jesus”, circularam tentando expor Cristo como mais um entre os muitos judeus taumaturgos da Galileia. “A obra, que mostra Jesus como um falso Messias, circulou também como tradição oral”, conta Cimadon. Depois, ela foi redigida em aramaico e traduzida para ídiche, ladino e latim. A versão mais famosa foi compilada pelo alemão Johann Wagenseil e impressa na segunda metade do século XVII. O texto cria polêmica até hoje por divulgar uma versão deturpada supostamente por grupos de judeus da vida de Jesus. Argumenta-se que ela foi usada para legitimar o antissemitismo entre os séculos XIII e XX.

Qual a relação de Jesus com seus apóstolos?

Há quem argumente que a escolha que Jesus fez dos discípulos tenha sido um desastre. Não houve um sequer, por exemplo, que o acompanhasse durante a crucificação. Mas a Igreja Católica garante que ele confiava nos apóstolos que escolheu, inclusive nos que o traíram. Para o cônego Celso Pedro da Silva, professor de teologia e reitor do Centro Universitário Assunção (Unifai), em São Paulo, Cristo tinha plena consciência de que lidava com homens e que os homens têm suas limitações. “É a beleza da obra de Jesus”, diz. Cristo tratava todos com igualdade, mas com Pedro, João e Tiago tinha mais intimidade. Mesmo sabendo que Pedro, por exemplo, negaria conhecê-lo em três ocasiões no dia de sua morte. Da mesma maneira, Jesus escolheu Judas, que também o traiu. Sobre ele, há farta literatura. Em evangelho atribuído a Judas, o apóstolo não aparece como traidor, mas como engrenagem fundamental do projeto de Deus , pois sem ele Jesus não seria crucificado e não se martirizaria para salvar os homens.

Com que idade Jesus morreu?

Provavelmente não morreu com os consagrados 33 anos. Essa marca foi estabelecida pela tradição durante os primeiros séculos do cristianismo primitivo – ou seja, não há nada que a comprove. Para o espanhol Ramón Teja Cuso, professor de história antiga da Universidade da Cantábria, Jesus não poderia ter morrido com 33 anos. Se ele nasceu entre os anos 6 a.C. e 5 a.C. e Pôncio Pilatos, algoz de Jesus, ocupou o cargo de prefeito da Judeia entre 29 d.C. e 37 d.C., o Messias morreu com, no mínimo, 34 anos e no máximo 43 anos.

Já o professor de filologia grega da Universidade Complutense de Madri, Antonio Piñero, usa a astronomia para fazer suas estimativas. Segundo ele, analisando o calendário de luas cheias no dia da Páscoa judaica, e existem registros desse fenômeno na data da crucificação, há apenas duas possibilidades de morte de Jesus dentro da janela estabelecida pelo professor Teja: 7 de abril de 30 d.C. e 3 de abril de 33 d.C. Nesse sentido, Jesus teria morrido com 36 anos ou 39 anos. Ainda assim, essas são apenas conjecturas. Elas dependem de variáveis que não podem ser verificadas, como, por exemplo, o relato de que havia uma lua cheia na ocasião da morte de Jesus ou que seu ministério teria durado três anos. O ano certo, portanto, dificilmente será conhecido, mas sabe-se, com uma margem mínima de dúvida, que foi entre os anos 29 d.C. e 37 d.C.

O dia da semana é consenso. De acordo com a “Bíblia de Jerusalém”, a tradução mais fiel dos originais das Sagradas Escrituras, Jesus morreu em uma sexta-feira, dia 14 de Nisã, que equivale, no calendário judaico, a 30 dias entre os meses de abril e março. A crença de que essa é a data correta é quase unânime entre os especialistas ouvidos por ISTOÉ.

Jesus manteve um relacionamento amoroso com Maria Madalena?

Como a questão que envolve as possíveis viagens de Jesus ao Vale do Rio Ganges, essa é uma pergunta que gera discussões acaloradas. Um dos grupos que defendem a relação de amor carnal entre Jesus e Maria Madalena com mais fervor é o dos gnósticos. Como Sylvia Browne, americana autora do best seller “A Vida Mística de Jesus”. Para ela, Jesus conheceu Maria Madalena ainda na infância e se casou com ela no que ficou conhecido, nos evangelhos, como o episódio das Bodas de Caná. Nessa ocasião, Jesus transformou água em vinho, que era parte fundamental da cerimônia do matrimônio. “Maria, mãe de Jesus, não ignorava que, pelos costumes judaicos, o noivo era responsável pela distribuição do vinho”, diz Sylvia. “Então quem fabricou o vinho oferecido aos convidados em Caná? Jesus. Era ele o noivo”, afirma em seu livro.

Outro indicador de que Jesus e Maria Madalena teriam uma relação amorosa estaria registrado no evangelho apócrifo de Filipe. Nele estaria escrito que Jesus beijava Maria Madalena na boca – afirmação constestada por uma corrente de tradutores. Ela, por sua vez, o compreendia melhor do que qualquer discípulo. A certa altura, os apóstolos chegam a demonstrar ciúme.

A americana Sylvia vai mais longe. Ela sustenta que Jesus teve filhos com Maria Madalena. As crianças teriam nascido depois da suposta morte de Cristo, que, segundo ela, foi forjada com a ajuda de Pôncio Pilatos e José de Arimateia. Ambos teriam tirado Jesus e Maria Madalena da Galileia num barco que passou pela Turquia e Caxemira, até aportar na França. Durante a estada na Turquia, a primeira filha do casal Jesus e Maria Madalena, chamada Sara, teria nascido. Outra menina e dois meninos teriam sido gerados já na França.

A Igreja Católica rechaça qualquer possibilidade de relação de amor carnal e, portanto, de filhos entre os dois. “Jesus deixou sim descendentes, espiritualmente, bilhões deles espalhados por todo o planeta”, afirma o padre mariólogo Vicente André de Oliveira, da Academia Marial de Tietê, no interior de São Paulo. A instituição religiosa reconhece, porém, que Maria Madalena era de fato muito próxima de Jesus. “Para os homens daquela época, ver Jesus confiar segredos a uma mulher era uma afronta”, lembra o cônego Celso Pedro da Silva, professor de teologia e reitor do Centro Universitário Assunção (Unifai). “Mas da simples confiança concluir que havia uma relação matrimonial é deduzir demais.”

O professor de teologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Rodrigo Pereira da Silva lembra que quando o livro “O Código da Vinci”, de Dan Brown, foi lançado, em 2003, um sem-número de supostos especialistas surgiu para confirmar o que o próprio autor havia classificado de ficção. Uma das afirmações seria de que Leonardo Da Vinci retratou Maria Madalena, e não o apóstolo João, ao lado de Cristo na “Santa Ceia”. “Criei um curso com a Coordenadoria-Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão (Cogeae) da PUC-SP só para esclarecer a confusão criada pela obra”, lembra. Batizada de “O Código da Vinci e o Cristianismo dos Primeiros Séculos: Polêmicas”, a disciplina foi um sucesso. Ainda assim, muitas das afirmações do livro, que vendeu cerca de 80 milhões de cópias e foi traduzido para mais de 40 idiomas, permaneceram como aparentes verdades para muitos. “Mas não são”, sentencia Silva.

Jesus deixou algo escrito?

“É mais fácil encontrar os vestígios de um palácio do que de uma choupana”, diz o teólogo Pedro Vasconcelos Lima, presidente da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica (Abib). Com essa afirmação, Lima resume o argumento que explica a inexistência não só de qualquer documento escrito por Jesus, mas de objetos que tenham ligação direta com ele. É que, no início do século I d.C., Cristo não tinha nenhuma importância. E, historicamente, os documentos mais antigos só registram os feitos de estadistas e donos de grandes fortunas – como sabemos, ele não foi nenhum dos dois. O único registro que se tem de Jesus escrevendo está nos evangelhos. Eles relatam o episódio da adúltera que seria apedrejada até a morte – supostamente Maria Madalena –, mas que foi salva pelo Messias. Cristo teria escrito algo na areia para afastar quem queria matar a mulher. “Não sabemos o que foi, mas podem ter sido os nomes de quem havia se encontrado com ela, talvez alguém importante ou até alguns dos que queriam apedrejá-la”, explica o cônego Celso Pedro da Silva. Fora isso, porém, não há absolutamente nada escrito por Jesus que tenha sido encontrado – ou para ser achado, suspeita-se. Na melhor das hipóteses, pode haver anotações de um ou outro fiel feitas durante uma das pregações de Cristo. Mas, até hoje, esses registros permanecem perdidos.

Quem escreveu os evangelhos? E quando?

A própria Igreja Católica reconhece que não há como saber se os evangelhos foram, de fato, escritos por Mateus, Marcos, Lucas e João. Nos textos não há menção aos autores. Sylvia Browne, americana autora do best seller “A Vida Mística de Jesus”, usa essas supostas brechas nas escrituras para tecer suas teorias. Ela lembra que a “Bíblia” como a conhecemos só tomou forma a partir do Concílio de Niceia, em 325 d.C., e que nesses três séculos a Igreja manipulou transcrições e traduções dos evangelhos para que eles divulgassem uma mensagem alinhada ao projeto de expansão da instituição. Sylvia sustenta ainda que os evangelhos de Mateus, Lucas e Marcos foram escritos pela mesma pessoa e que apenas o de João teve um autor exclusivo. Supostas contradições, omissões e coincidências seriam sinais da manipulação.

A teoria da coautoria começou a tomar forma no início do século XVIII, com os trabalhos do teólogo protestante alemão Heinrich Julius Holtzmann e do filólogo Karl Lachmann. Chamada de “Questão Sinótica”, ela tem apoio de importantes estudiosos da atualidade, como o inglês Marc Goodacre, responsável pelo núcleo de estudos do Novo Testamento na Universidade Duke, na Inglaterra, e John Dominic Crossan, teólogo e fundador do controverso Jesus Seminar. Em 1968, um outro pesquisador inglês, A.M. Honoré, chegou a fazer um levantamento mostrando que 89% do que está em Marcos se encontra em Mateus, enquanto 72% de Marcos está em Lucas.

“Isso é uma besteira”, argumenta o teólogo e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Fernando Altemeyer. Para ele, não há contradição nos evangelhos e as omissões e coincidências são justificáveis. “Os evangelhos não foram escritos como biografias de Jesus”, reforça o teólogo Pedro Vasconcelos Lima, presidente da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica (Abib). “Eles contam as partes da vida do Messias que têm importância”, conclui. Os relatos da vida de Cristo que não entraram para o Novo Testamento circulam com o título de evangelhos apócrifos. Entre os séculos XIX e XX houve uma explosão nas descobertas desse tipo de documento. Hoje já são mais de 15 os relatos extraoficiais. A Igreja não os reconhece, embora utilize parte dos que datam dos séculos I d.C. e II d.C. para reconstruir o dia a dia de Jesus, que viveu como mais um dos milhares de judeus remediados da Galileia.

Os evangelhos também não foram escritos logo depois que os fatos aconteceram. Eles datam dos anos 70 d.C. e 90 d.C. e foram redigidos, provavelmente, em aramaico e hebraico. Chegaram até nós por meio de cópias, pois os originais foram perdidos. Não se tem registro de como isso aconteceu, mas não seria difícil danificar um manuscrito em papiro no tempo de Jesus. As cópias foram descobertas em fragmentos e reconstruídas por pesquisadores alemães no início do século XIX. A mais antiga, em papiro grego, data do século II d.C. e foi reconstruída no século XIX pela equipe Nestle & Alland, de Stuttgart, na Alemanha.

O que diz a arqueologia

Só a arqueologia é capaz de preencher as imensas lacunas que compõem a trajetória de Jesus na Terra. Ao se debruçar sobre os costumes e a cultura do tempo do Messias, através de buscas por monumentos, documentos e objetos que compunham aquela época, os pesquisadores da área se movimentam para saciar as centenas de indagações acerca do judeu que mudou a história da humanidade. Praticamente não há esperanças de se achar algo diretamente ligado a Jesus Cristo ou à sua família. Mas há expectativa de se encontrar objetos relacionados a contemporâneos, da mesma classe social, que moravam na Galileia. Nesse quesito, o século XX foi recheado de conquistas. Novas técnicas e o renovado interesse por provar, ou desmentir, o que foi escrito pelos evangelistas alimentaram as buscas pelo que sobrou do tempo de Jesus. E as descobertas foram importantes. Entre papiros e pergaminhos, jarros, urnas, pedras e ruínas comprovou-se parte do que disseram Mateus, Marcos Lucas e João (leia quadro).

Mas, quando o assunto é arqueologia, todo cuidado é pouco. Nem tudo é o que parece. Por isso, o processo de verificação da autenticidade dos objetos é lento e rigoroso. Que o digam os estudiosos do que ainda vem sendo considerado o último grande achado do tempo de Cristo: uma urna que conteria os ossos de Tiago, irmão do Messias. Revelada em 2002, ela já foi reconhecida como objeto do tempo de Cristo, mas as inscrições em aramaico que a identificam como sendo de Tiago ainda estão sob avaliação da comunidade arqueológica internacional. “Pude ver o ossuário em primeira mão, quando estive em Israel no começo de 2009”, conta Rodrigo Pereira da Silva, teólogo, filósofo e doutor em teologia bíblica com pós-doutorado em arqueologia na Andrews University, nos Estados Unidos. “Mas ainda há muito o que ser feito para validar as inscrições.”

Professor de teologia do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp-EC), Silva também é arqueólogo e já participou de escavações em Israel, na Jordânia, no Sudão e na Espanha. Ele conta que, no caso da urna de Tiago, se comprovada a autenticidade de seus escritos em aramaico, esse será o primeiro artefato arqueológico com vínculos diretos com Jesus. No dia 21 de dezembro, um outro achado empolgou os arqueólogos. Foram encontrados os restos de uma casa humilde de Nazaré que datam do século I d.C. Com dois quartos, um pátio e uma cisterna, ela ajuda a resconstruir a vida de judeus do tempo de Cristo. “As informações vêm sempre fragmentadas”, explica Pedro Vasconcelos Lima, professor de teologia e presidente da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica (Abib). “Não podemos esquecer que esses fragmentos não foram criados para responder às nossas perguntas e, por isso, precisam de um cuidadoso trabalho de contextualização.”

Enquanto a contextualização segue a todo vapor, nos departamentos acadêmicos das melhores universidades do planeta, o trabalho de campo tem encontrado mais obstáculos do que de costume. Como se o calor, a areia e as outras tantas dificuldades usuais da arqueologia já não fossem suficientes, questões políticas das regiões escavadas têm influenciado pesadamente as áreas disponíveis para exploração. “Vemos muitas descobertas se esgotarem nelas mesmas”, explica Rafael Rodrigues da Silva, professor do Departamento de Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e teólogo do Centro de Estudos Bíblicos (Cebi). “O sujeito faz a descoberta, quer escavar o entorno, buscar outros sinais e não pode”, afirma. É que boa parte da terra onde estão enterrados muitos desses objetos está em áreas de constante disputa, como é o caso de porções territoriais de Israel. “Se o século XX foi bom para a arqueologia, dos anos 90 para cá temos visto uma calmaria nos achados – mesmo com essa história do ossuário de Tiago”, afirma o professor Silva. Sem achados, sem história.
Fonte: Revista Isto É – Edição 2094 de 23 de dezembro de 2009

quinta-feira, 18 de março de 2010

AI DE TI, HAITI - TRAGÉDIAS DE UM POVO AMALDIÇOADO?

Paz e bem,

Em meio aos escombros, mal-cheiro e cadáveres, milhares de pessoas famintas, sedentas e desassistidas vagam sem rumo pelas ruas de Porto Príncipe, capital do Haiti. Cenas de violência são comuns, pessoas lutam, se matam e morrem por um pouco de comida e água.

Esta é a realidade que tem nos bombardeado diariamente nestes últimos dias. Não há como não se comover com as chocantes imagens da angústia humana sendo levada às suas últimas conseqüências. Até o momento em que escrevo estas linhas não chega a duzentos o número de vidas resgatadas de sob os escombros. Fala-se em mais de cem mil mortes, possivelmente ultrapassarão cento e cinqüenta mil, dizem alguns.

Neste ambiente de caos e miséria coletivos é impossível não nos questionarmos sobre Deus. Onde está Deus? Por que Ele permitiu tal tragédia? Há alguma lógica por trás disto?

As tragédias coletivas nos seduzem. Há muito mais pessoas inocentes morrendo de doenças infecciosas e degenerativas, de outras tragédias naturais que nos rodeiam, mas tais dados não nos chocam tanto. São difusos e esparsos. Um pouco aqui, outro ali... Mas as grandes tragédias são impactantes exatamente por atingirem muitas pessoas praticamente ao mesmo tempo. Lembram para nós o apocalipse bíblico, o dilúvio dos tempos de Noé, ou as tragédias que se bateram no Egito nos tempos do Êxodo e fazem muitos pensarem que semelhantemente a estas passagens das escrituras, Deus resolveu pesar a mão. Foi assim na época do Tsunami que devastou a Ásia, foi assim no 11 de setembro, não está sendo diferente na tragédia do Haiti.

Há poucos dias o cônsul-geral do Haiti em São Paulo, George Antoine, afirmou que a causa da tragédia poderia ser “de tanto mexer em macumba...”, completou que “o africano em si tem maldição...” e que “todo lugar que tem africano está f...”

Nesta mesma linha, o pastor estadunidense Pat Robertson afirmou que a causa das tragédias que assolam o Haiti seria devido a um “pacto com o diabo” supostamente feito por haitianos para se libertarem do domínio francês a cerca de 200 anos atrás. Além desta afirmação, o pastor coleciona outras pérolas, Pat Robertson também chegou a afirmar em 2006 que o então primeiro ministro Israel, Ariel Sharon, foi vítima de um AVC por castigo de Deus, por conta de seus esforços pela paz com os palestinos. Em 1985 usando uma matemática tortuosa ele defendeu que o genocídio dos habitantes de Canaã foi um ato de misericórdia de Deus para não super-popular o inferno.

O pastor Pat Robertson é muito popular nos Estados Unidos. Para se ter um idéia, ele concorreu contra George Bush, o pai, nas primárias do partido Republicano em 1988. Pois é, se você se entristeceu com os anos do clã Bush no poder, dê glórias a Deus, a coisa poderia ser pior, poderia ser com o Pat Robertson...

A dor só dói quando é conosco. É fácil condenar os outros, julgar, lançar pedras. Os amigos de Jó continuam se multiplicando.

O que vejo na Palavra é que tais especulações são totalmente descabidas.


Veja bem, há algo em comum nas tragédias naturais que, segundo a Bíblia, foram impostas por Deus. Em todas elas, aqueles que eram considerados povo protegido de Deus nada sofreu. Houve um grupo de pessoas que em meio à tragédia, foi poupado. Noé e sua família foram poupados e informados da tragédia por Deus. Assim foi também durante as pragas do Egito, ou até mesmo na preservação da prostitua Raabe e sua família, na queda dos muros de Jericó, e de Ló e sua família em Sodoma. Em todas elas Deus intercedeu diretamente em favor de um grupo de pessoas que tinham total consciência disso.


Há tal grupo no Haiti? Houve algum grupo que milagrosamente poupado possa dizer que recebeu um recado diretamente de Deus?

Não!

Portanto, não há nenhum paralelo entre esta tragédia e nenhuma outra que, segundo a Bíblia, tenha sido trazida pela mão pesada de Deus. O que vimos foi morte de todo tipo de pessoas, de todas as crenças, “macumbeiro”, segundo a classificação do cônsul, e pastores, passando pelos padres, humanitaristas e pessoas comuns. Independente de credo, cor, nação, idade. Morte aleatória, pura e simples. Fruto de um mundo que jaz no maligno. Fruto da miséria que nós impomos uns aos outros. Fruto do imponderável da vida onde o bem e o mal podem acontecer tanto ao perverso quanto ao justo.

Jesus teve esta mesma experiência. Conta-se que em sua época Pilatos, o mesmo que posteriormente iria crucificá-lo, massacrou um grupo de judeus dentro do templo e misturou o sangue destes ao dos animais que as vitimas estavam sacrificando em adoração a Deus. Na mesma época, caiu a Torre de Siloé, uma alta torre que guardava o arqueduto que levava água para o tanque de de mesmo nome, onde se cria que Deus curava a partir de um anjo que movia as águas. A tragédia soterrou dezoito pessoas.

Tais tragédias em locais ou situações que consideravam sagrados levavam o povo à inescapável sensação de que era a ira de Deus sobre aquelas pessoas. Pessoas mortas durante o ritual de fé ou em locais de fé sempre trazem consigo a suspeita de pecados ocultos que suscitariam a ira e a punição de Deus. Recentemente, por exemplo, um pastor morreu eletrocutado em um tanque de batismo e ouvi muita gente afirmando que podia ser a ira de Deus sobre algum possível pecado oculto dele.

A resposta de Jesus foi simples, como simples deveriam ser as nossas respostas ante tão grandes tragédias: “vocês pensam que estas pessoas são mais pecadoras do que as outras?”. O que Jesus nos alerta é que não importa a forma como vamos morrer, pode ser de velhice ou na flor da mocidade, pode ser em um desastre ou em um enfarte, pode ser tranqüila ou agonizante. O que importa não é a forma como a nossa vida vai terminar, mas o que fazemos com ela enquanto estivemos aqui.

Tragédias como a do Haiti vão continuar acontecendo, mas em todos os casos lancemos sobre eles o olhar de misericórdia que gostaríamos que lançassem para nós. Que saibamos que eles não são mais pecadores do que nós e que se Deus fosse nos julgar de acordo com nossos méritos humanos, nenhum de nós escaparia e haveria um terremoto para cada habitante deste planeta.



O povo do Haiti é um povo sofrido vítima de erros históricos que o fez o país mais miserável das Américas, mesmo antes do terremoto. Vítima do gemido da natureza de um país pousado sobre placas tectônicas. Vítima de um mundo eu nunca viveu plenamente a solidariedade. Não o façamos também padecer como se fosse mais culpado do que os outros povos deste mundo que jaz no maligno. Não estendamos sobre eles, além das dores do sofrimento que já carregam, as dores da exclusão, como se fossem triplamente amaldiçoados por Deus, por serem negros, por serem do Haiti e por sua religião.

Eles não são nem nunca foram mais pecadores que nenhum outro povo que já pisou esta terra. Não são mais pecadores que eu ou você. São apenas pessoas humildes que passaram por tragédias e estão necessitando sobreviver, assim como nossas crianças desamparadas, nossos moradores de rua, nossos excluídos e sofridos de todos os lugares deste planeta.

Ore pelo Haiti e se puder fazer mais, faça! Não com jactância, nem com olhar de superioridade, mas entendendo que neste mundo caído nenhum de nós está escape de em algum momento ter de enfrentar tragédias e terremotos, sejam eles figurados ou reais, na nossa própria vida.


Extraído
Ministério Fruto do Espírito

sexta-feira, 12 de março de 2010

INTERNACIONAL - CHIFRE EM IDOSA DE 101 ANOS CAUSA POLÊMICA NA CHINA

Uma idosa de 101 anos virou motivo de curiosidade - e medo - no pequeno povoado de Linlou, na China, depois que um "chifre" apareceu em sua testa.

A protuberância, de cor preta e quase seis centímetros, vem se desenvolvendo na cabeça de Zhang Ruifang desde o ano passado. A anomalia é formada por queratina, se assemelha a um chifre de cabra, mas não causa dor ou problemas a idosa.

Segundo a imprensa britânica, a protuberância é um tumor benigno que costuma aparecer com frequência em pessoas de idade avançada, embora o tamanho tão grande seja considerado uma raridade.

Uma outra protuberância está crescendo no lado direito da testa de Zhang, porém, em tamanho menor, e com o aspecto de uma simples pinta.
Fonte: O Tempo

sexta-feira, 5 de março de 2010

CATÓLICOS DESTROEM CASAS DE CINCO FAMÍLIAS EVANGÉLICAS

MÉXICO - Em 13 de janeiro, católicos tradicionalistas destruíram a casa e outras propriedades de cinco famílias evangélicas na comunidade de Los Llanos, San Cristóbal de Las Casas. As famílias são recém-convertidas.

Em 19 de abril de 2009, os evangélicos Los Llanos fizeram a inauguração de um templo, que foi perturbada com a entrada de 70 pessoas, as quais afirmavam que os evangélicos seriam presos por estarem prestando um culto.

Vários líderes da nova igreja foram levados para a delegacia e detidos por uma hora, enquanto outros tradicionalistas dispersavam os demais membros.

Alfonso, um dos líderes da igreja, perguntou aos invasores o que os evangélicos tinham feito de errado, e acrescentou: “Temos um Deus e Ele está no céu”. Isso enfureceu os invasores, que agrediram o pastor Alejandro Cruz Ton.

Esse incidente não intimidou os evangélicos, que continuaram a se reunir, mesmo sob os protestos dos católicos. Em uma ocasião, pedaços de madeira e árvores foram colocados na entrada do templo, para impedir o acesso dos evangélicos.

Em outra, situação, a polícia foi acionada e pediu-se para ela levar para a delegacia os 12 participantes de um culto com mais dos bebês de um deles. As pessoas ficaram detidas por pouco tempo.

No dia 28 de junho, foi realizada uma reunião sobre como melhorar a comunidade. O foco principal foi dizer aos evangélicos que eles precisavam abandonar sua crença e voltar à fé católica.
Os evangélicos pediram que fossem respeitados seus direitos de ter sua própria religião. A isso, os católicos responderam que a única religião de Los Llanos é o catolicismo.

Às 16 horas, os evangélicos foram presos novamente, enquanto alguns chefes da comunidade destruíam o novo templo.

As autoridades foram além da destruição do templo e criaram um documento declarando que os evangélicos estavam de acordo de que o templo deles deveria ser destruído e que cooperariam com os festivais católicos.

Os evangélicos responderam que era mentira e declararam: “Não, nós não deixamos nossa fé em Jesus”.

Eles continuaram a sofrer abusos e ameaças, pois, continuam a se reunir em suas casas.

Nossa oração é por justiça e por apoio a essas famílias afetadas:

1. Alfonso Diaz Jimenez e sua esposa Eulália Diaz Lopez;
2. Lucio Gomez Lopez e sua esposa Pascuala Diaz Diaz (filhos: Marina e Alfredo Gomez Diaz);
3. Mariano Diaz Lopez e sua esposa Martha Gomez Diaz,
4. Maria Lopez Diaz (mãe de Mariano);
5. Olivia Diaz Hernandez (sobrinha de Mariano);
6. Dominga Diaz Lopez (irmã de Mariano);
7. Agustin Hernandez Nuñez e sua esposa Petra Diaz Diaz (filhos: Guillermo, Lorenzo, Patricia, Marcelo, Bernabe, Mateo e Elisa Hernandez Diaz);
8. Dominga Diaz Diaz


NÚMERO DE EVANGÉLICOS NÃO PARA DE CRESCER E EM ALGUNS ANOS PODEM MUDAR O BRASIL

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada no início de outubro, mostra uma evolução considerável em diferentes aspectos da vida dos brasileiros. Segundo o sociólogo Alexandre Brasil Fonseca, a participação evangélica mais efetiva neste processo pode ser notada na alteração de certas políticas públicas.

“É um segmento socialmente organizado, que argumenta e luta por suas opiniões. É inegável que isso traz benefícios sociais. Com isso, não é um fato desprezível a histórica participação evangélica em Conselhos de Direitos Civis, nos últimos anos”, revela o sociólogo.

Recentemente uma das maiores revistas do País publicou uma série de matérias em que fazia previsões para o Brasil em 2020. Em uma dessas publicações, a revista aborda o crescimento evangélico. “Estima-se que 50% da população brasileira poderá ser evangélica” daqui a 11 anos, segundo estatísticas do Sepal (Servindo aos Pastores e Líderes).

Ainda de acordo com a revista, “a influência evangélica em 2020 contribuirá para a diminuição no consumo do álcool, o aumento da escolaridade e a diminuição no número de lares desfeitos, já que a família é prioridade para os evangélicos”.

terça-feira, 2 de março de 2010

Devocional do Dia

Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. (Mateus 22: 37-39)

PENSAMENTO: Algumas coisas não são muito complicadas. Viver para Jesus pode ser simplificado em dois princípios: amar a Deus com tudo que sou e tenho e amar a outros e tratá-los como gostaria de ser tratado. Não é difícil entender. É o cumprir que é o desafio!


ORAÇÃO: Ó Vivo e Verdadeiro Deus. Por favor, aceite o trabalho das minhas mãos, as palavras da minha boca, os momentos do meu descanso e o amor do meu coração ao prestar louvores a Ti hoje. Peço que estas coisas sejam agradáveis e refrescantes para o Senhor. No nome do seu filho, meu Senhor Jesus, eu oro. Amém.

Pré-congresso


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

SOBRE 'RETIROS CULTURAIS' E OUTROS PERIGOS

Continuação.....

SOBRE 'RETIROS CULTURAIS' E OUTROS PERIGOS

Em alguns lugares da cidade deparei-me com um outdoor curioso, entre os milhares que enquadram nossas vistas com propagandas do governo estadual. Para minha surpresa, o governo festejava o apoio a um carnaval, com pierrôs e colombinas de outro tipo. Sei que essa ironia não passará despercebida, mas peço um abre alas que eu quero passar.

A imprensa anuncia que 200 mil dinheiros foram investidos na Semana de "retiros culturais", quase 500% superior ao ano passado - este é um ano eleitoral, lembrem disso. Cerca de 228 desses, digamos, "retiros" foram aquinhoados com a benesse, em 36 cidades. Os valores empregados em cada um foram erráticos, talvez baseados em algum ranking do valor das manifestações artísticas apresentadas. Uma pergunta incômoda me ocorre. Em vez de patrocinar a alienação e a 'desimportância', o que faria aquele valor atendendo quem realmente, neste miserável estado, tem fome e sede de justiça? Do jeito que está, tudo se acaba na quarta-feira, como disse Vinícius.

Uma lei estadual, aprovada em 2008 (lei nº 8.904), sustenta a legalidade do ato, mas se perguntarem no que isso beneficia a sociedade, nem à custa de muito malabarismo verbal se consegue justificar, exceto pelo interesse das castas políticas que querem agradar um grupo, que atende pelo nome genérico de "evangélicos". A defesa da patrona da lei em favor do financiamento é fantasiosa e se apoia numa contrafação criada por ela mesma. Em suas palavras (Nov/2009): "Todos os anos a juventude evangélica se reúne numa manifestação artística e cultural, denominada retiro. O evento sempre fez parte das atividades do segmento evangélico, com a lei de nossa autoria aguardamos atenção especial por parte do Governo do Estado." Recuso-me a comentar o discurso da deputada em out/2009, quando defendia sua lei e as comparações que fez, quando disse que jovens saem da prostituição e drogas, apenas por causa destes "retiros culturais". Ei, você aí...!

Em todo caso, se me dissessem, há não mais que vinte anos, época em que realizar retiros era um desafio contra o entendimento geral, que dizia que no carnaval o fiel tinha duas opções: pregar a Palavra aos perdidos na folia de Momo ou ir à igreja, que não mudava sua rotina de cultos nem sob fogo cerrado dos blocos da Madre Deus à sua porta. Pois bem, eu não acreditaria. Já se vê que não tenho tino para profeta.

A mudança foi rápida e inexorável. O que a explica? Não foi certamente uma mudança teológica, esta, aparentemente, continua intacta, embora cada vez mais sem qualquer diálogo com a realidade, no caso da principal igreja beneficiada. Temos aqui algo mais escatológico. As águas vão rolar...

Que mal haveria a igreja receber dinheiro público para financiar seus "retiros culturais"? Desde que fosse uma iniciativa que recebesse ampla publicidade, para toda e qualquer igreja, com critérios claros - não aqueles regrados por acordos políticos ou leis fajutas - objetivos e resultados e prestação de contas do gastado. Tudo bem? Não. Ainda aí haveria um conflito insanável que os patrocinadores da invenção não querem nem de longe falar, pois para estes, no raso mesmo, se trata tão somente de estratégia política para alcançar objetivos eleitorais, é nisso que tudo se resume, ou alguém acha que andar em procissão com a governadora nos "retiros culturais" era um tipo de zelo para ver se o dinheiro estava bem empregado? Se vocês fossem sinceros...

Receber dinheiro público, no fim das contas, é o de menos. Será que ele é? O que está em curso, sem que haja qualquer resistência, é o aparelhamento da igreja, sem a menor cerimônia, para fins políticos. Desde que as igrejas, de modo geral, entraram na política, isso sempre aconteceu. Sempre foi vergonhoso, mas a coisa se limitava à imposição de candidatos e pedidos de voto no púlpito. Os tais "retiros culturais" são um passo adiante. Manipula-se, distorce-se e impõem-se uma particular compreensão - se quiserem entender assim - sobre uma atividade simples e comum da igreja, que sempre teve o propósito de descanso, estudo da Bíblia, oração, enfim, renovação espiritual, onde cabe, sim, brincadeiras, cânticos, até pequenas apresentações, mas que nunca pretenderam ser expressão artística de coisa nenhuma. Era e é lazer e ponto. O que se faz aqui é vestir a igreja com uma casca de banana nanica, como o fez a Chiquita Bacana lá da Martinica.

Qual será o próximo passo nesta escalada? Cultos temáticos como já é comum, mas com o objetivo de doutrinar sobre partidos e candidatos? Círculos culturais de oração? Quem será o patrono religioso destas empreitadas? Daniel? Sugiro Roboão, mas desconfio que não será aceito.

Nestes tempos sombrios, tempos de "mamãe eu quero mamar", em que os políticos protagonizam os piores escândalos, roubam, mentem, desviam milhões, fazem negócios sujos à luz do dia - o Maranhão não está isento desta mazela, como se sabe muito bem - à igreja caberia ser uma espécie de reserva moral, a defensora da ética na mais perfeita acepção da palavra, não porque os pastores e líderes não erram, mas porque seriam homens e mulheres, apesar de si mesmos, comprometidos com o que há de mais sublime em termos de aspiração humana, serem imitadores de Cristo. Se a canoa não virar...

Enquanto a igreja se encantar e deslumbrar com um protagonismo político tolo e inconsequente - em termos sociais, para ela haverá consequências funestas -, permitir que políticos dela ou de fora se imiscuam em seus negócios ou ela se introduza nas coisas mundanas em sua mais feia aparência, é de se perguntar se este não é um caminho para a mais absoluta irrelevância, filha da mornidão. Cuidado para que não se veja muito riso, muita alegria e, na igreja, mais de mil políticos no salão.

Viemos do Egito
E muitas vezes
Nós tivemos que (orar)
Allah! allah! allah, meu bom allah! Alalaôôôôô


Jornal Pequeno
21 de fevereiro de 2010
Eudes Oliveira de Alencar

CULTURA E ARTE EVANGÉLICAS?

Quero aqui postar uma materia de um grande jornalista Eudes Oliveira onde publicou um assunto relevante para nossos dias.

CULTURA E ARTE EVANGÉLICAS?

Leio com certo desconforto, aqui mesmo neste jornal (reportagem do dia 10/11/08), que a deputada evangélica Eliziane Gama (PPS), defendeu com bastante veemência, ante seus pares e na presença do Secretário de Cultura do Estado, o senhor Joãozinho Ribeiro, que os evangélicos devem também receber parte dos recursos que serão destinados ao carnaval, como forma de promover os retiros que realizam no mesmo período. Em suas próprias palavras: “Não seria justo o recurso orçado em até R$ 10 milhões para investimento de carnaval do Estado, e nada desse mesmo recurso ser utilizado nas manifestações de carnaval evangélicas”. Eis uma coisa que eu não sabia, que os retiros são uma espécie de carnaval. Incrível, nos vinte e tantos anos de vivência evangélica e uns tantos retiros nas costas, nunca me dei conta de que eram carnavais!

Há algo de muito errado no argumento da nobre deputada. Sei de movimentos evangelísticos durante o carnaval. Sei de blocos, isso mesmo, blocos carnavalescos evangélicos. Não sei se ainda existem, mas desfilaram na festa de Momo e enquanto o faziam, os dois representantes, um no Rio e outro em Curitiba, evangelizavam. Esta pelo menos, naquele momento, era a intenção.

Mas retiro-carnaval parece-me uma argumentação um tanto forçada, isto para não dizer totalmente equivocada. Até onde sei, eles se prestam para buscar momentos de intimidade com Deus, compartilhar alguns dias em comunidade com outros irmãos, descansar, participar de estudos bíblicos e coisas do gênero. É verdade, acontecem brincadeiras, esquetes, apresentações musicais, mas daí a requerer que estes momentos reservados de uma igreja seja uma demanda legítima para angariar fundos estatais para subvencioná-los como arte, vai uma longa distância.

O que seria arte evangélica? As manifestações musicais? Não há dúvida: a igreja é um celeiro de bons músicos, as orquestras e bandas populares estão cheias deles. Mas tem seu próprio mercado e até onde se sabe, vai muito bem, não digo na qualidade dos produtos. O teatro? Qual a peça evangélica que se destacou no último ano pelas suas qualidades técnicas, cênicas, etc?

Sim, qual arte é evangélica? Aqueles arremedos coreográficos que acompanham uma ou outra apresentação ou louvores em algumas igrejas? Tenha santa paciência. Que mais? Na pintura, na escultura, quem se diz evangélico e realiza tal arte assim chamada? Não há. Parece que a arte recusa-se a receber rótulos. A ruim não vinga e a boa, realizada por alguém de talento, qualquer que seja o tema que aborde, impõe-se sem precisar de adjutórios estatais. A boa arte, qualificada pelos seus próprios méritos de beleza, refinação estética, criatividade, esta sim, merece apoio e não precisa carregar um rótulo meritório que lhe dê dignidade, muito menos evangélico.

Temo pelo mau costume, pelo oportunismo, pelo critério que pode ocorrer de que alguém, por ser “artista” evangélico, faça jus a recursos públicos, algo como um sistema de cotas. Nada hoje se faz sem que o estado (municipal ou estadual) ponha a mão, digo, dinheiro e no final cada uma destas atividades são absolutamente inócuas em termos de impacto social/espiritual, apenas representa uma espécie de deleite pelos músculos que a igreja tem. É o gozo narcísico diante do espelho/multidão. Temo pela cumplicidade e promiscuidade que isso geraria (gera) com o estado. Temo pela perda de relevância e pertinência – já aconteceu, ou não?

Em sua fala, a insigne deputada menciona que “A cultura, em alguns momentos, converge com a religião”. Menciona o Tambor de Mina, a Festa do Divino em Alcântara. Então é isso? Se me permitem e impertinência, qual das igrejas evangélicas maranhenses, em suas manifestações, digamos, culturais como quer a deputada, merece equiparar-se às festas mencionadas? Não me ocorre que qualquer de nossas manifestações, que não ouso chamá-las de culturais, se qualifique e mereça o mesmo tratamento. Aliás, os evangélicos querem ser tombados? Ser participantes do patrimônio imemorial cultural do estado do Maranhão? Os argumentos apresentados sofrem de alguma confusão entre o que é arte e/ou cultura e ainda, qual a missão da igreja.

Não é de hoje, porém, que se discute o que seja arte. Sobre cultura, há relativa concordância. Mas pode ser que a deputada esteja falando de uma arte duchampiana. Em 1917, Marcel Duchamps, enviou sua “obra”, um urinol, ao qual intitulou “Fonte”, para a Associação de Artistas Independentes de Nova Iorque. Claro que causou espanto. Um urinol, arte? O artista defendia a ruptura completa com o padrão da época. Ninguém lhe diria que sua arte era arte, ele mesmo o faria, dando significado ao que não tinha. Pasmem: o urinol moldou nossa arte até hoje, daí porque o salão de arte moderna de São Paulo, este ano, tem uma ala inteira vazia, como vazia é a cabeça de seus perpetradores.

Sugiro à deputada a leitura de um clássico, “A Morte da razão”, do teólogo cristão Francis Schaeffer. A obra trata de arte e cultura no século XX e explica como o mundo ocidental se suicidou com atitudes como a de Duchamps e outros tantos, nas mais diversas áreas artísticas.

A proposta da deputada, entretanto, se reverte de problemas práticos e perigosos. Supondo que os retiros estejam recheados de arte de todo tipo, quem vai receber os recursos? Isto na casualidade do governo sentir-se chantageado pelo politicamente correto, que o obriga a agradar gregos e baianos. Pela mão de quem os recursos chegarão aos artistas que se amontoam escondidos em sítios, colégios, chácaras e outros que tais?

A Arte não deveria ser compartilhada com a comunidade? Na passarela do samba de triste figura? A deputada demonstrou preocupação porque estes eventos artísticos evangélicos acontecem no mesmo período do carnaval e por isso não recebe “destaque”. Não seria o caso, sugiro, de se fazer um carnaval evangélico fora de época? Antes da sexta-feira santa, por favor, assim temos tempo para uma quaresminha e que não falte uma quarta-feira de cinzas para expiar os excessos de arte.

Excelentíssima senhora deputada, com certeza, há causas mais nobres e necessitadas de quem as adote com desprendimento, alegria, e verdadeiro sentido de serviço que os políticos teimam em esquecer, porque quando o fazem, há que ter algum tipo de “lucro” diante do eleitorado.

É para dar crédito à iniciativa da deputada? A própria crê mesmo no que defende? Se acreditar, temo pela falta de rumo de seu mandato, se não, bom, melhor nem falar. O fato é que este fuzuê com a defesa de uma suposta cultura ou arte evangélica é triste, tanto mais porque, certamente, a manifestação do Reino pede outro tipo de investimento que não passa, de jeito nenhum, pela subvenção do estado, nem por aqueles que se dizem cristãos.

Sua preocupação com a Constituição é boa, mas esta não é a maior das dificuldades, sequer se nomeia entre os problemas de sua “cruzada”, posto que represente apenas um grande e monumental equívoco que é no que a maioria dos políticos cristãos se transformam neste país. Isto, sim, é o grande problema.



Jornal Pequeno
17 de novembro de 2008
Eudes Oliveira de Alencar